domingo, 29 de junho de 2008

Diário do Draft - Parte Dois

Uma série em dez textos
Por Gregory Dole
Originalmente publicado em TrueHoop

O canadense Gregory Dole vive no Brasil e descreve a si mesmo como "escritor freelancer, professor de inglês como segunda língua, técnico de basquete, olheiro e viajante pelo mundo". Esta é a carreira que não muito tempo atrás, levou-o profundamente de encontro com a vida de um certo "Brazilian Blur".

Na primavera e verão de 2003, antes e depois do draft da NBA, Dole foi o tradutor de Leandro Barbosa. Ao longo dos próximos dias -- francamente, na esperança de conseguir um contrato para escrever um livro (se por acaso houver algum agente ou editor por aí lendo) -- Dole estará apresentando histórias de seu período com Barbosa. A primeira história começa quando um jogador brasileiro lhe leva uma fita cassete para a sala de Dole.

***

Estamos em Milwaukee, ou melhor, na periferia da cidade em um seminário para padres católicos. Os Bucks treinam em uma quadra dentro do seminário.

Eu e Leandrinho entramos no prédio e cumprimentamos o segurança. Sem resposta. Nós olhamos outra vez, e percebemos que não é um segurança. É um boneco de cera. Nós demoramos um pouco para nos ligarmos disso. Então Geroge Karl entra no prédio e nós o cumprimentamos. A mesma resposta que nos deu o homem de cera. Nós soubemos depois que Karl não gosta de rookies nem de futuros rookies.

Estou traduzindo para Leandrinho, em quadra, vestindo uma camisa e uma bermuda grande. Meu atleta está jogando contra Marquis Daniels. Estou puto porque um assistente-técnico otário está ajudando demais Daniels e tirando o Leandrinho enquanto os dois jogam. O que é isso? Que palhaçada. Eu penso em reclamar mas percebo que o brasileiro não se liga porque não fala nada de inglês.

Daniels parece se dar melhor que Leandrinho em todas as disputas. É uma experiência frustrante. O arremesso do brasileiro não está caindo. Ele não consegue fazer nada certo. Está tendo um daqueles dias.

Numa corrida cronometrada, Daniels vence de longe. O que está acontecendo? Eu já tinha visto isso antes, então eu digo que os dois corram novamente, mas desta vez batendo bola.

A corrida recomeça, e não dá nem graça. Daniels está na metade do caminho quando quando Leandrinho cruza a linha de chegada.

Esta é a chave para a velocidade do brasileiro. Ele não perde nem um milésimo entre correr com a bola ou sem ela. Poucos jogadores tem essa coordenação.

Eu vi de onde vem esse tremendo controle de bola de Leandrinho. Seu irmão, Arturo, um professor de basquete aloprado, começou a treinar esse tipo de habilidade com seus irmãos mais novos desde pequenos.

Arturo era como um sargento. Que faz todo sentido, porque Arturo era de fato autoritário nesse sentido.

Se os exercícios não fossem completados perfeitamente, seriam seguidos de punição física. Lágrimas iriam rolar, e então o exercício continuaria. Como me disse certa vez sua mãe, Dona Ivete, Arturo e ela tinham sérias discussões questionando se esses métodos eram necessários ou sequer saudáveis.

Olhando os resultados, Arturo teria um bom argumento.

Terminados os penosos exercícios em quadra, nós fomos para a sala de musculação. Daniels é um fenômeno atlético. Ele pode sair da quadra e começar a levantar pesos como se fossem nada. O mesmo não se podia dizer de Leandrinho, que era praticamente humilhado.

A musculação também revelava algo estranho: na medida de abertura dos braços, os fisioterapeuta percebeu que a mão esquerda de Leandrinho é muito maior que a mão direita. Chupa, Daniels.

Depois de tudo, Daniel leva uma pancada no treino e se machuca seriamente. Por causa da lesão, Daniels ia ficar fora por tempo indeterminado. Eu soube depois que seu treino no Milwaukee foi seu primeiro e último teste antes do draft da NBA. Não sei se é verdade. O que eu sei é que Leandrinho é mais forte que parece e quando vai pra cesta deve dar umas belas trombadas em seus adversários.

Nós sentamos para almoçar depois do treino e encontramos o técnico-torcedor de Daniels da equipe técnica dos Bucks. Seu nome é Sam Mitchell. No fim das contas ele é uma boa pessoa.

Depois do almoço, fizemos aguns testes psicológicos. Eu terminei fazendo o teste para Leandrinho porque ele levava muito tempo para traduzi-lo.

Quando está tudo terminado, saímos do complexo de treinamento nos despedindo de Daniels e desejando-lhe uma breve recuperação. Terminado isso, pegamos a estrada para Chicago.

Não sei se foi a baixa performance de Leandrinho em quadra ou meu teste psicológico, mas nós dois concordamos que certamente não iríamos jogar com o uniforme dos Bucks tão cedo.




quinta-feira, 26 de junho de 2008

Diário do Draft - Parte Um

Uma série em dez textos
Por Gregory Dole
Originalmente publicado em TrueHoop

O canadense Gregory Dole vive no Brasil, e descreve a si mesmo como "escritor freelancer, professor de inglês como segunda língua, técnico de basquete, olheiro e viajante pelo mundo". Esta é a carreira que não muito tempo atrás, levou-o profundamente de encontro com a vida de um certo "Brazilian Blur".

Na primavera e verão de 2003, antes e depois do draft da NBA, Dole foi o tradutor de Leandro Barbosa. Ao longo dos próximos dias -- francamente, na esperança de conseguir um contrato para escrever um livro (se por acaso houver algum agente ou editor por aí lendo) -- Dole estará apresentando histórias de seu período com Barbosa. A primeira história começa quando um jogador brasileiro lhe leva uma fita cassete para a sala de Dole.

***

Acredito que a história começa com um garoto brincalhão que eu conheci em São Paulo e que queria ir aos Estados Unidos jogar basquete. Ele tinha por volta de dois metros, super atlético e nascido com uma tremenda cara-de-pau. Ele aparece na minha casa um dia em julho de 2002 com uma fita sua jogando basquete. Antes que eu tivesse a chance de dizer que estava com pressa e tinha que ir embora, o garoto põe a fita no meu videocassete e aperta play.

Duas horas depois eu estou sentado no meu sofá impressionado. O garoto brincalhão não é lá muito bom, mas ele pode correr como o vento e saltar como... o vento pode saltar? Você entendeu. Eu sugeri a ele que fizesse atletismo.

Entretanto quase despercebido na fita do garoto está um armador que é fora-de-série. A sua habilidade é quase inacreditável, como uma lenda do streetball. Eu realmente não posso descrevê-lo de outra forma que não fora-de-série. Fora-de-série e de algum universo desconhecido. Uma forma alienígena de basquetebol, diferente de que eu já havia visto antes.

Na minhas memórias, eu cresci na África quando o basquetebol africano era como um evento de atletismo: pura correria o jogo inteiro e a maioria dos jogadores (exceto por mim, claro) eram velozes. O jogo era cheio de erros porque a maioria de nós não tinha muita habilidade ou orientação. Contudo, nada nos impedia de correr pra cima e pra baixo da quadra numa perigosa velocidade. Portanto, eu já vi um pouco de basquete em alta velocidade.

Então eu perguntei ao moleque brincalhão, quem era o garoto com braços longos? "Ah, este é meu antigo colega de equipe do Palmeiras, em São Paulo", ele disse. "Ele é bom. Ele não é lá muito bom armador porque só quer saber de ir pra cesta. Mas ele é um lateral e tem um arremesso estranho, ainda assim não tenho certeza se ele pode jogar bem numa universidade americana. É um salto muito grande em relação ao Brasil".

"Não, não é", eu disse. Basquete universitário nos EUA é uma merda. Eles são um bando de moleques que não sabem arremessar. Leandrinho pode jogar na NBA. Não existe algo tão rápido na NBA. E ele domina a bola de basquete como se tivesse presa numa corda".

O garoto brincalhão responde, "bom, ele tem uma média de apenas dez pontos por jogo no Brasil. Se ele tivesse nível para jogar na NBA, teria que marcar muito mais pontos. O basquete brasileiro não é assim tão bom".

Ele estava certo, mas eu não ia debater questões relativas aos erros e acertos da liga brasileira. Não com esse garoto.

Em pouco tempo, eu estava em um restaurante em São Paulo com o irmão de Leandrinho, Artuto, e sua mãe dona Ivete. Arturo é um pouco maluco, mas no bom sentido. Nós nos demos bem imediatamente. Dona Ivete é mais tranquila, bem-vestida e pronta para falar de negócios. Numa primeira impressão, você não pensaria que ela é uma massagista, mas sim uma formada em administração de Harvard.

Arturo começa dizendo, "Eu sonhei por anos que você ia aparecer aqui. Sonhei por anos que um americano ia vir e reconhecer o talento do meu irmão e lavá-lo para a NBA".

"Uou! Calma. Vamos parar por aqui. Eu não sou americano. Deixemos isso claro", eu disse. "Seu irmão é realmente talentoso e eu gostaria de tentar ajudá-los".

Nós passamos os dias seguintes organizando fitas cassetes que eu levaria para vários pessoas envolvidas com basquetebol. Dessa organização saiu a fita de lances (mixtape) de Leandrinho. Naquele momento eu não tinha nem idéia que essa fita se tornaria quase uma lenda e o ajudaria a ser draftado para a NBA.

Acelerando a fita alguns meses. Leandrinho está marcando 28 pontos por jogo e oito assistências, além de chutar 48% da linha de três pontos. Ele está sendo matador para sua equipe de Bauru no campeonato brasileiro.

Meses passaram. Um contato meu tentou levar Leandrinho para um colégio nos Estados Unidos. Na verdade, essa iniciativa chegou somente ao ponto de falar com o técnico de LeBrown James em seu colégio em Akron, Ohio. O técnico recusou, com medo que as autoridades do basquete colegial em Ohio suspeitariam se ele aparecesse com um intercambista jogador de basquete depois de LeBrown. Acho que as autoridades já o perturbaram muito a respeito do Rei (LeBrown) que viera.

Entra Ron Harper e seu manager, ex-namorado de Halle Berry e a cara do Charles Barkley. É sério. Eu fiquei olhando porque não podia acreditar no que via. Eu só posso achar que Halle curtiria Barkley. Você deveria tentar, Charles. Ron olha a fita de lances de Leandrinho e anuncia que Leandrinho tem que jogar. Na NBA. E gora!

Na onda do Draft da NBA

Depois de toda a temporada, dos playoffs e das finais, ainda nos resta um chorinho de NBA. Hoje à noite acontece a seleção do Draft. Equipes no fundo do poço, atletas cheios de sonhos e empresários ambiciosos salivam a boca só de ouvir esta palavra.

Mas o Draft é mais que negociações, assinaturas de contratos, bonézinhos na cabeça e o sorriso maroto de David Stern. Meses antes, algo muito mais relacionado com o esporte em si acontece por aquelas terras. Os candidatos a entrar na liga mais competitiva do mundo participam de treinos (às vezes secretos) em diversas franquias para serem avaliados pelas respectivas comissões técnicas.

Com Leandrinho não foi diferente. Sua história, inclusive foi bastante curiosa.

O relato em dez capítulos que vou colocar nos próximos dias foi publicado no ótimo site TrueHoop. Trata-se de uma espécie de diário escrito por Gregory Dole, que acompanhou Leandrinho neste verdadeiro desbravamento da liga norte-americana.

Queria deixar claro desde já que não consegui encontrar o autor dos textos, mas gostaria muito de entrar em contato com ele. Eu não escrevi nada disso, só tive o trabalho de traduzir, livremente, para o português o belo trabalho deste cara.

Sem mais delongas, divirtam-se com Gregory Dole e O Diário do Draft.

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segunda-feira, 23 de junho de 2008

O preço da NBA

Pois bem, acreditemos nos fatos e não nos boatos. Os atletas da NBA de fato estão cansados, lesionados e incapacitados de representar o país no pré-Olímpico em Atenas.

A liga norte-americana é competitiva, forte e desgastante. Por outro lado, ela também paga um bom dinheiro. Leandrinho que o diga. O lateral brasileiro fatura 5.600 milhões de doletas por ano do Phoenix Suns. Bastante dinheiro não?

Sem dúvida. A questão é: a que custo?

A NBA paga bem, mas fatura muito melhor. A liga de David Stern rende cerca de 5 bilhões de dólares por ano. Um negócio e tanto. Os atletas (ou uma parte deles) também ganha bem, como é o caso do nosso basqueteiro brasileiro. Mas também é preciso suar a camisa.

Eu recolhi alguns dados para comparar a "jornada de trabalho" de Leandrinho (Phoenix Suns) e Tiago Splitter (Tau Ceramica).

Pois bem, a temporada 2007/2008 de Tiago Splitter começou em 07 de outubro de 2007, com o breve torneio da Supercopa da Espanha, e terminou no dia 03 de junho de 2008, com o título da Liga ACB.

No total foram 241 dias de temporada e 72 jogos. Uma média de um jogo a cada 3,34 dias.

Já a temporada de Leandrinho começou oficialmente em 01 de novembro de 2007 e se encerrou em 29 de abril de 2008, com a eliminação na primeira fase dos playffs para o San Antonio Spurs.

No total foram 168 dias de temporada e 89 jogos. Uma média de um jogo a cada 1,89 dias.

Deve-se levar em conta que o Tau Ceramica disputou quatro torneios nesse período. Supercopa (campeão), Copa del Rey (vice-campeão), Liga ACB (campeão) e a Euroliga (quarto lugar). Os Suns de Leandrinho não passaram nem da primeira fase da pós-temporada.

Números que fazem a gente pensar, não? Talvez esteja aí um pouco da explicação do porquê Tiago resolveu ficar na Espanha e Juan Carlos Navarro acaba de voltar depois de um ano na NBA. Talvez os números expliquem porque tantas seleções nacionais correm o risco de perder seus atletas para as Olimpíadas. É o caso de Manu Ginnobili, na Argentina, Yao Ming, na China, Jorge Garbajosa, na Espanha e os brasileiros que a gente já sabe.

Tal qual um automóvel, os atletas também precisam fazer seus "check-ups" depois de uma certa quilometragem. E lá vem as cirurgias no ombro, artroscopias no joelho, operação no tornozelo e por aí vai.

A minha dúvida é, a NBA precisa realmente que seus atletas joguem 82 jogos em cinco meses? Ou será que esta é apenas a melhor forma de enriquecer a liga e os ortopedistas norte-americanos?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Mais um título para o Boston Celtics

Antes de começar as finais eu também acreditei que Kobe Bryant e os Lakers poderiam levar o título. Eles haviam acabado de trazer Pau Gasol, que se encaixou perfeitamente à equipe. Kobe Bryant estava operando milagres na série contra os Spurs. O time todo cresceu justamente quando precisou, nos playoffs.

Mas faltou olhar um pouco para os Celtics. Faltou lembrar que esse time passou por uma série dificílima contra o Detroit Pistons na caminhada até as finais. Faltou reconhecer que no leste há equipes extremamente competitivas e que os Celtics realizaram a melhor campanha da NBA.

Ontem, em Boston, os Celtics mostraram toda sua força e tradição. Entraram em quadra com espírito de campeão e passaram por cima dos Los Angeles Lakers sem tomar nenhum conhecimento ou mostrar respeito pelo MVP da temporada. Os Lakers jogaram como em toda a série, esperando que Kobe Bryant desequilibrasse. E ele não desequilibrou.

Além de força, tradição e espírito vencedor, os Celtics ao longo de toda as finais mostrou também uma defesa sufocante. Foram capazes de parar Kobe, e os Lakers ficaram um pouco órfãos em quadra. Pau Gasol foi bem, mas era preciso algo mais. Eu, pessoalmente, esperava mais de Lamar Odon e acho Derick Fischer um armador razoável, mas não entraria nem na minha lista de dez melhores da NBA.

Mas é bom ver três grandes jogadores vencendo e colocando seus nomes na história. E é bom ver esses três jogadores em completa harmonia com o resto da equipe. Deve ser difícil jogar contra um time assim. Se Paul Pierce, Kevin Garnett ou Ray Allen não te derrubarem, será James Posey, ou será Kendrick Perkins, ou qualquer outro. É o tipo de time que sempre vai ter um jogador se superando.

Gostei de ver a festa no ginásio dos Celtics. Todas as lendas do time reunidas. E caras que já encheram a mão de anéis felizes da vida como se fossem rookies. O Boston Celtics é uma equipe diferenciada mesmo. E encerraram com o título a melhor temporada da NBA que eu vi desde que o Jordan se aposentou. Parabéns pros caras. Afinal, ninguém ganha 17 campeonatos à toa.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Tavernari versus fura-zóio

Convocado para a seleção que vai disputar o sulamericano no Chile e o pré-olímpico na Grécia, o lateral Jonathan Tavernari está mesmo em uma boa fase. Até quando ele se dá mal, acaba se saindo bem.

Alguns meses atrás, uma prestigiada premiação fotográfica holandesa chamada World Press Photo elegeu as melhores fotografias do ano passado. E não é que Tavernari figurou entre as melhores na categoria esporte? Calma, o atleta não é fotógrafo nem tem a fotografia como hobby, mas é ele nessa foto aqui, tirada por Chris Detrick.


O lance aconteceu numa partida entre sua universidade BYU e a universidade de Pepperdine. Nada grave aconteceu com o rosto de Tavernari, que continuou em quadra e venceu o jogo. Lamentável foi o juizão que nem falta deu no lance...

Se você quiser ler o depoimento de Chris Detrick sobre o registro ou ver o lance foto-a-foto dê uma olhada no blog do fotógrafo.

Apenas uma observação

Se teve algo que ficou explícito nessas séries foi o fato de que o Boston Celtics, coletivamente, é muito mais time que os Lakers.

E olha que eu não estou falando só dos três pilares da equipe, Kevin Garnett, Ray Allen e Paul Pierce, mas dos doze jogadores como um todo. E cá entre nós, numa final de NBA, em que as equipes se estudam até os mínimos detalhes, isso é e sempre será diferencial.

Só para citar um exemplo clássico, quem acertou a última bola no tricampeonato dos Bulls em 1993? E em 1997? Pois bem, não foi Michael Jordan, nem Scottie Pippen ou Ron Harper. Quem decidiu em 93 foi o reserva e anônimo John Paxson, e em 97 o também reserva Steve Kerr.

Voltando ao nosso ano de 2007, faça um esforço e tente se lembrar das opções no banco de Boston Celtics e Los Angeles Lakers. Pelo lado da equipe do Leste estão nomes como Sam Cassel, James Posey, PJ Brown e Leon Poew. Do lado dos Lakers... bom do lado do Lakers é até difícil de lembrar, tamanha é a centralização em torno dos titulares, em especial Kobe Bryant. Mas vamos lá: Jordan Farmar, Sasha Vujacic, Luke Walton e Ronny Turiaf. Uma bela diferença, não?

Mas se você acha que nomes não dizem lá muita coisa, vamos aos números. Comparemos o número de pontos do banco dos Celtics e do Lakers nas finais.

Jogo 1: Lakers 88 x 98 Celtics
Banco: Lakers 15 x 17 Boston

Jogo 2: Lakers 102 x 108 Celtics
Banco: Lakers 23 x 35 Celtics

Jogo 3: Boston 81 x 87 Lakers
Banco: Boston 21 x 29 Lakers (sendo 20 pontos de Vujacic)

Jogo 4: Celtics 97 x 91 Lakers
Banco: Celtics 35 x 15 Lakers

Jogo 5: Celtics 98 x 103 Lakers
Banco: Celtics 28 x 17 Lakers

Um placar total de 136 a 99 para os Celtics. Além disso, se a série fosse jogada só entre os reservas, o Boston já teria vencido por 4 a 1. Claro que essa é uma comparação hipotética, mas que certamente diz algo sobre essas finais.

Está chegando a hora...

A temporada da NBA vai chegando ao fim. Pra falar a verdade, na minha modesta opinião, ela não passa de hoje à noite. Domingo o Los Angeles Lakers suou sangue pra vencer, em casa, um Boston Celtics desfalcado e enfraquecido por contusões.

Aqui vale um parêntesis. Foi dito que Paul Pierce, com uma lesão no joelho, era dúvida para este quinto jogo. Ele foi lá e meteu 38 pontos. Se ele estiver saudável hoje, eu não quero nem ver o que vai acontecer.

Continuando. Como já havia acontecido antes na série, os comandados de Phil Jackson abriram uma boa vantagem no marcador e por três vezes deixaram Garnett e sua trupe aproximarem no placar e deixar o jogo indefinido até os últimos segundos. O que mais se pode exigir de uma equipe visitante além de levar a partida indefinida até o seu final? Seria bom o time de Los Angeles aprender a lição para esta noite.

Hoje as duas equipes voltam a Boston para o sexto jogo da série. Kobe Bryant e os Lakers terão que operar um milagre se quiserem sobreviver uma noite mais. Adoraria estar queimando a língua, mas hoje Paul Pierce finalmente ganhará seu merecido anel.

Retomando o ritmo

Justo na época em que várias coisas estão acontecendo no mundo da bola laranja, eu não consegui arrumar tempo para postar.
Veremos se agora consigo retomar o ritmo.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Quando a fase está ruim...

Ontem o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab deu início a II Olimpíadas Estudantis da capital. Apoio à educação, fomento à prática desportiva, investimento nas crianças e jovens, integração, discursos e agradecimentos. Tudo estava muito bem até a hora do pontapé inicial...

Vossa Escelência, não chuta a bola que fica oval! Heresia número um para qualquer basqueteiro que se preze.

Ouvi dizer que durante a cerimônia o primeiro chute foi numa bola de futebol. Depois deram uma outra bola pra ele dar um pontapé, certamente porque a primeira foto não ficou boa, ou coisa do gênero. O fato é que a segunda bola que deram na mão dele era laranjinha e o prefeito não teve dúvida, isolou a bola de basquete.

A fase do basquete brasileiro não está boa mesmo. Nem quando a intenção é boa as coisas saem direito. Mas cá entre nós, acho que a Marta teria dado um arremesso.

Noite de campeões

A noite de terça-feira consagrou dois campeões no basquete. O Tau Ceramica, do pivo Tiago Spliter passou por cima do AXA FC Barcelona e levou o título espanhol com a mesma autoridade que o Flamengo superou o Universo/Brasília, conquistando o primeiro título nacional do clube na modalidade.

Tiago não foi tão decisivo como nas duas partidas anteriores mas merece muito do crédito dessa conquista basca. Há anos o pivô é um dos destaques da equipe e já foi objeto de um par de posts aqui neste blog.
Já o Flamengo traz algumas novidades. O título brasileiro parabeniza o investimento do único clube grande em basquete. Não sei se essa é bem a "solução" da modalidade, tendo em vista que em São Paulo o basquete no interior tem uma tradição muito mais forte que no Rio de Janeiro. Mas seria legal de ver os clubes grandes investindo na bola laranja de uma maneira constante e duradoura. Não em iniciativas pontuais e efêmeras, como aconteceu há pouco tempo no Corinthians, por exemplo.

Destaque para o lateral Marcelinho Machado. O cara começou mal a partida, errando muito, mas ele é dono do time, tem moral, auto-confiança e sabe que um jogo de basquete deve ser jogado até o fim. E foi o que ele fez. Jogou o jogo até o fim e, enquanto não achava seu arremesso, foi metendo seus lances-livres. Todos os seus 21 lances-livres, diga-se de passagem. No último quarto as coisas aconteceram para ele e o cara meteu 24 de seus 40 pontos nos dez minutos decisivos.

Eu não sou nenhum fã do Marcelinho. Aliás, estou mais para crítico que para admirador. Marcelinho joga um basquete arriscado para qualquer equipe por conta de seus arremessos forçados. No Flamengo, que conta com pivôs melhores que do Universo, essa atitude não pesa tanto quanto numa seleção brasileira, numa disputa de altíssimo nível, em que paga-se caro por erros baratos. Na terça-feira, entretanto, tudo deu certo pra ele no final. Soma-se a isso um final de partida mal administrado pela equipe de Brasília e seus dois experientes armadores (Ratto e Valtinho). Resultado, Flamengo merecidamente campeão brasileiro.

É lamentável, entretanto, ver dois campeonatos ditos "nacionais" dividirem a força do basquete nacional e mais, dividindo a audiência da modalidade, visto que foram transmitidos na mesmíssima hora por dois canais distintos. Da briga, das bombas, das torcidas organizadas, da confusão, da invasão de quadra, isso eu nem vou falar. Fábio Balassiano e o Rodrigo Alves já o fizeram com muita propriedade em seus respectivos blogs. Talvez eu não tenha a mesma paciência. Sorry.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Mais do mesmo

De fato, somente um texto não basta para descrever a curiosa personalidade do técnico dos Celtics. Por isso coloco este vídeo que encontrei no Youtube. A princípio parece algum desses vídeos sobre técnicas e tática no basquetebol, mas logo Auerbach mostra um pouco da seu perfil folclórico e deixa claro sua opinião sobre o "floppy", ou seja, essa mania que alguns jogadores tem cavar faltas como recurso defensivo.

Nada contra cavar as faltas, mas que as vezes parece ridículo, isso parece. Manu Ginobilli e Anderson Varejão que o digam Esse aliás, jamais jogariam no time de Auerbach.

One há fumaça, há Red Auerbach

O melhor playoff dos últimos anos chega a sua reta final com uma das maiores rivalidades de todos os tempos. A partir de quinta-feira Boston Celtics e Los Angeles Lakers duelam para saber quem os norte-americanos vão coroar como World Champion.

Como em qualquer decisão, outras histórias e recordes pessoais estão em jogo. Existe, por exemplo, os anos de espera dos Celtics, a eterna comparação entre Kobe Bryant e Michael Jordan e o recorde de vitórias do técnico Phil Jackson, dos Lakers. Famoso pelo seu perfil zen, Jackson está a um título de superar o lendário técncio que dirigiu o próprio Boston Celtics por 17 anos, assumindo depois funções administrativas na franquia.

Arnold Jacob "Red" Auerbach é apontado como um dos maiores técnicos de todos os tempos e, para completar, uma das figuras mais folclóricas da Liga. Nos anos 50, quando o cigarro gozava de muito mais tolerância e glamour que nos dias de hoje, Auerbach lhe dispensava verdadeira aversão, mas não abria mão de um bom charuto ao final de cada vitória. Naqueles bem-sucedidos anos 50 e 60, se alguém visse um sinal de fumaça emanando do banco dos Celtics nos minutos finais do jogo, era certeza que os Celtics acabaram de vencer mais uma. "Eu odeio esses técnicos que estão 25 pontos na frente faltando três minutos e ficam gritando e gesticulando porque eles estão na TV. Para mim este jogo acabou. O trabalho está feito e é hora de relaxar. Fumar um cigarro e assitir ao jogo é uma forma de relaxar para mim".

Claro que isso irritava, e muito, seus adversários. Inclusive os então fregueses dos Celtics, Los Angeles Lakers. Até o ano da morte do técnico, o maior cestinha da NBA Wilt Chamberlain recusava a dizer seu nome, limitando-se a chamá-lo de the man I don´t like. A fumaça não era o único incômodo dos visitantes que iam ao Boston Garden numa NBA de outrora. Conta-se que Auerbach mandava desligar o aquecimento dos chuveiros das equipes de fora, ou ligá-los no máximo.

A imagem folclórica não supera o talento de um técnico que nunca teve general manager, assistente técnico ou qualquer ajudante para anotar um mísero scoult. Auerbach foi quem criou a idéia de um sexto-homem efetivo na equipe. Dizia também que treinar profissionais ou colegiais não era muito diferente. "Nos fim das contas é tudo uma questão de defender e fazer contra-ataques".

Red Auerbach entrou para a história também por ter sido o primeiro a draftar um jogador negro para a NBA, Charles Cooper, ainda nos anos 50. E quando se aposentou, já na condição de lenda em Boston, deixou o cargo nas mãos do jogador Bill Russel, tornando-lhe o primeiro técnico negro no esporte profissional norte-americano.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Tiago segue no velho continente

Enquanto nos EUA nossos jogadores da NBA vão tirando o corpo fora às vésperas do pré-Olímpico de Atenas, na Espanha Tiago já confirmou que vai jogar pela seleção brasileira e quer chegar às Olímpíadas de Pequim.

Mas este post não é pra criticar os três brasileiros na NBA, mas elogiar Tiago Splitter. Aos 23 anos arrisco dizer que Tiago é o jogador de basquete mais bem sucedido do país. De sua passagem por aqui, entretanto, só um ou outro torcedor de Blumenau deve se lembrar. O rapaz saiu do Brasil rumo ao País Basco quando tinha somente 15 anos. Foi contratado pelo Tau Ceramica e depois emprestado por duas temporadas ao Bilbao Basket, também da vizinhança basca. Quando voltou ao Tau Ceramica em 2003, o adolescente já era um jogador de basquete. De lá pra cá, o basquete de Tiago cresceu no mesmo ritmo de sua equipe e do basquete europeu.

O Tau Ceramica figura entre os quatro melhores da Europa desde o Final Four de 2005, em Moscou. Apesar de nunca ter vencido a máxima competição euroéia, a equipe basca é uma das mais consistentes e respeitadas do Velho Continente. Tiago Splitter é um dos principais jogadores do Tau Ceramica e foi eleito dois anos consecutivos MVP da Supercopa (torneio que marca a metade da temporada na liga espanhola e reúne os oito melhores times da liga).

Recentemente desistiu de sua ida à NBA. Muitos já tinham como certa sua ida ao San Antonio Spurs no póximo draft, mas Tiago achou melhor ficar na Espanha. O motivo é óbvio, o Tau cobriu a oferta dos Spurs oferecendo oito vezes mais que a franquia norte-americana. Tanto dinheiro reflete o crescimento da Euroliga no cenário mundial, a ponto de rivalizar com a NBA inclusive financeiramente (soma-se a isso a desvalorização do dólar e a valorização do Euro). Trajan Langdon, do CSKA Moscow, já havia dito isso em uma entrevista após o título, e o caso de Tiago só reafirma a projeção do basquete de clubes europeu.

Cifras a parte, acho louvável a posição de Tiago de manifestar seu desejo de jogar pela seleção. E olha que ele ainda nem saiu de férias. Muito pelo contrário, sua equipe enfrenta amanhã o AXA FC Barcelona no terceiro jogo da final da ACB espanhola. Se ganhar amanhã em casa, Tiago Splitter, que vem sendo o destaque do time nas finais, sagra-se campeão espanhol pela primeira vez na carreira.