domingo, 21 de setembro de 2008

Diário do Draft - Parte Nove

Uma série em dez textos
Por Gregory Dole
Originalmente publicado em TrueHoop

O canadense Gregory Dole vive no Brasil e descreve a si mesmo como "escritor freelancer, professor de inglês como segunda língua, técnico de basquete, olheiro e viajante pelo mundo". Esta é a carreira que não muito tempo atrás, levou-o profundamente de encontro com a vida de um certo "Brazilian Blur".

Na primavera e verão de 2003, antes e depois do draft da NBA, Dole foi o tradutor de Leandro Barbosa. Ao longo dos próximos dias -- francamente, na esperança de conseguir um contrato para escrever um livro (se por acaso houver algum agente ou editor por aí lendo) -- Dole estará apresentando histórias de seu período com Barbosa. A primeira história começa quando um jogador brasileiro lhe leva uma fita cassete para a sala de Dole.

***

Na pressa de terminar logo o treino, Leandrinho nem tira seus tênis de andar na rua e nem se preocupa em tirar o seu relógio Adidas. Não é uma vestimenta das mais apropriadas.

Não importa.

Leandrinho vai lá com seu tênis normal, seu relógio de pulso, e tem um daqueles dias que todas as bolas caem. Ele não erra. E em cada exercício, o assistente técnico que comanda o treino acrescenta mais e mais detalhes, com aumento de dificuldade e de velocidade.

O brasileiro tem aquela alegria canina intacta, e acerta um homerun. Os executivos dos Suns não podem disfarçar seus sorrisos. Eles ganharam sua recompensa e parece que eles têm uma boa chance de ficar com o garoto.

Treino terminado, Leandrinho grava uma entrevista, e põe aquele charme que você raramente vê nos atletas. Ele sabe como agir nessa situação e fazer todos gostarem dele. E é isso que ele faz.

Claro que ele ainda está notadamente irritado comigo pela decepção de levá-lo até Phoenix somente para uma entrevista e ao invés disso ter que fazer um treino completo. Não há amor nenhum para o irmão Dole.

Depois de ter tomado banho e estar pronto para ir, nós somos convidados para um almoço. Os Suns querem fazer exames médicos no quadril de Leandrinho nesta tarde, logo ele precisa ficar na cidade um pouco mais de tempo.

Caminahndo pela quadra no subsolo da arena, Griff tenta animar seus convidados. Nós realmente gostamos dele. Exato, nós realmente gostamos muito dele."Então, se ele ainda estiver disponível na nossa escolha, diga a Leandrinho que nós draftaremos ele", diz o cara dos Suns.

Eu imediantamente traduzo essa breve e fantástica notícia - que resume, essencialmente, toda a carreira basquetebolística de Leandrinho até este momento, todos aqueles exercícios sob a insistente tutela de seu irmão-sargento, sem falar os últimos meses de viagens por todo os Estados Unidos tentando impressionar alguma equipe.

Ele nem responde.

Eu tento novamente. "Então, você está ligado que esse cara acabou de dizer que os Suns vão draftar você. Essas são boas notícias, não? Você será um Phoenix Sun", eu digo.

"Sim, claro"

As mais famosas últimas palavras de Leandrinho.

O Alegria Canina nos leva então para um almoço buffet em uma suíte VIP próximo do estádio do Arizona Diamondbacks. Abaixo de nós os Diamondbacks estão jogando um jogo matinal. É bem divertido.

Mas até então nenhum sinal de emoção por parte de Leandrinho. Até mesmo o Alegria Canina está espantado pelo comportamento desinteressado do brasilerio. Nós vamos para o hospital e tiramos raios-x do quadril de Leandrinho. O médico explica que, sabendo que os Suns querem draftá-lo, eles querem ter certeza que ele está em boas condições médicas. Uma lâmpada se acende. De repente, neste momento, Leandrinho se dá conta que pela primeira vez que ele realmente será draftado pelos Suns.

Ele vai de mortalmente sério para um alegria incontida, enquanto a equipe médica dos Suns começa a apalpar, testar, cutucar e tirar raios-x dele.

Parte médica terminada, o Alegria Canina nos leva para um shopping descolado em Scottsdale enquanto esperamos passar o tempo até nosso vôo. Nós saímos do ar-condicionado do hospital para ir direto para o ar-condicionado da van do lado de fora da porta de saída, o que quer dizer que o tempo todo aqui nós estamos envolvidos por ar-condiconados.

Nós ainda não tínhamos sentido o calor de Phoenix.

Enquanto dirigimos para o shopping, eu lembro de um colega de sala de quando eu era garoto que tinha o que eu na época achava ser uma camiseta muito legal.

A frente da camiseta era uma figura de um termômetro, um sol sorridente, e um ovo frito em um pedaço do asfalto. Abaixo do desenho estava a frase, 'eu sobrevivi a 50 graus em Phoenix'.

Fascinado pela idéia de poder cozinhar comida na rua, eu nunca esqueci aquela camiseta ou a cidade de Phoenix. Saindo do ambiente frio de frigorífio que estava dentro da van, eu sou apanhado por uma verdadeira parede de calor quando saio do automóvel.

Eu rio. "O que? Parece brincadeira. Está mais quente que o inferno aqui. Está oficialmente quente pra caramba. Quem pode viver aqui?"

Phoenix não é meu tipo de clima. Nós corremos para o shopping para escapar do calor.

Uma vez dentro, está claro que independente de Phoenix parecer o inferno para mim, para leandrinho a cidade era o paraíso.

Dentro do shopping é um mar de loiras, empilhadas parede à parede, escada à escada. "Este lugar", ele se empolga, "é fantástico! Delicioso. E ainda mais delicioso. Eu gosto dessa cidade, eu realmente gosto desta cidade. É animal que eles queiram me draftar", disse Leandrinho.

Sem brincadeiras, eu ainda acho que Leandrinho gostou de Phoenix mais que as outras cidades por causa da rídicula alta porcentagem de loiras na cidade.

"Mas é tão quente, e ainda nem é verão", eu digo.

"Eu gosto disso", diz Leandrinho, "é um pouco como o clima de Bauru".

"Bauru não tem nada a ver com isso. Eu estive em Bauru e não fica quente desse jeito. Não tem deserto em Bauru, nem perto nem longe", eu respondo.

"Oh, Bauru fica bem quente, você talvez não tenha estado lá em um dia realmente quente", diz o defensor de Phoenix.

Desse momento em diante, não havia como convencer Leandro de outra coisa. Ele estava apaixonado por Phoenix.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Diário do Draft - Parte Oito

Uma série em dez textos
Por Gregory Dole
Originalmente publicado em TrueHoop

O canadense Gregory Dole vive no Brasil e descreve a si mesmo como "escritor freelancer, professor de inglês como segunda língua, técnico de basquete, olheiro e viajante pelo mundo". Esta é a carreira que não muito tempo atrás, levou-o profundamente de encontro com a vida de um certo "Brazilian Blur".

Na primavera e verão de 2003, antes e depois do draft da NBA, Dole foi o tradutor de Leandro Barbosa. Ao longo dos próximos dias -- francamente, na esperança de conseguir um contrato para escrever um livro (se por acaso houver algum agente ou editor por aí lendo) -- Dole estará apresentando histórias de seu período com Barbosa. A primeira história começa quando um jogador brasileiro lhe leva uma fita cassete para a sala de Dole.

***

Nós deixamos Cleveland Hopkins Airport no início da manhã, aterrisando em nosso destino um pouco antes da hora do almoço. Nós não tínhamos bem certeza se devíamos mesmo ir para Phoenix, mas eu havia convencido o brasileiro que não haveria basquetebol, apenas um encontro com os Suns.

Sob esta condição, ele aceitou tomar o avião.

O guia do Phoenix Suns, um tipo energético e empolgado, nos pegou no aeroporto. Ele se apresentou e falou de sua personalidade, a qual ele se referiu como de uma alegria canina. Ele é contagiosamente estusiasmado. Falando o tempo todo sobre a tal alegria canina e coisas do tipo. Se alguém precisar de uma ajuda extraordinária, chame pela alegria canina. Membros da alegria canina estarão lá para ajudar.

É hora da alegria canina para Leandrinho.

Ele mal pode andar. Executivos da NBA estão ligando para dizer que ele pode nem sequer ser draftado. Nós acabamos de atravessar o país pela manhã e na última hora, na remota chance dos Suns gostarem dele. Na mídia estão dizendo que os Suns prometeram sua escolha para um garoto sérvio chamado Zarko.

Sem vontade, sem glória.

Nós seguimos para o andar subterrâneo da Phoenix Arena. A quadra de treinos está lá no fundo do prédio. Assim que entramos no vestiário, eu começo a pensar que é uma longa viagem de volta para os campeonatos brasileiros. Não existem piscinas de hidromassagem no ginásio de Bauru. Ou de Franca, Ou de Araçatuba. Ou de Piracicaba. Ou de Analândia.

Assim que entra na sala, Leandrinho está certo de que irá fazer apenas uma entrevista. Ele vê o uniforme de treino que a equipe do Suns deixou paa ele numa cadeira, e me lança um olhar que expressa os tipo de coisas que saiu da boca Hubie Brown lá em Memphis.

"Eu não vou treinar para esses caras", diz leandrinho.

Eu só posso responder com um "Ok".

Eu falo com o sujeito da alegria-canina dos Suns, que me coloca em contato com o dirigente dos Suns, Dave Griffin.

"Dave, eu não sei se houve algum engano, mas vocês estão pensando que podem colocar o cara para treinar e colocá-lo de volta no avião, mas eu acho que Leandrinho não tem condições de treinar. Ele sente muitas dores por causa da lesão no quadril".

Griff diz, enquanto eles o chamam, "Bem, ele não pode treinar só um pouco? Você sabe, dar uns arremessar e esse tipo de coisa. Nada muito acelerado."

Eu vou perguntar a Leandrinho, e tenho que encará-lo. Ele está puto. Ele não me olha. Isso não é bom.

"Você acha que pode dar uma treinadinha? Algo leve?", pergunto, torcendo pelo melhor. Eu não preciso esperar por uma resposta.

"Não tem jeito, Dave", eu digo.

"Mas todos os técnicos estão aqui. Bryan está aqui. Jerry está aqui. Todos estão aqui para ver o garoto. Você acha que nós podíamos tentar alongar um pouco para ver se ele fica mais solto para ir para a quadra?", pergunta Griffin. Eu podia ver na sua expressão que ele realmente queria pôr Leandrinho em quadra na frente de seus chefes. Assim como a equipe do Boston Celtics, ninguém esconde o fato de que ele é um fã. Griffin também provou daquela fita milagrosa.

"Eu vou perguntar", disse-lhe.

"Olha, eu acho que você deveria tentar alongar um pouco e ver o que você pode fazer por eses caras. Eles só querem um treino leve, uns arremessos. Nada sério. O fisioterapeuta vai alongá-lo e você se sentirá melhor", eu digo para Leandrinho. A interpretação educada para aquele olhar em minha direção era "caia fora".

Vale mencionar que Griffin está justo ao meu lado quando temos esta conversa, mas ela toda aconteceu em português. Eu não acho que Griffin entendeu a gravidade da situação. Ele está pensando uma coisa, talvez que Leandrinho e eu estamos discutindo sobre loiras ou morenas, enquanto a verdade é que Leandrinho não tem a menor vontade de treinar para o Phoenix Suns.

Eu estou mais preocupado com Leandrinho arrancar minha cabeça fora. É claro, com seu quadril inválido, eu poderia fugir correndo dele. Talvez. De qualquer maneira, estou numa difícil situação. (E as pessoas pensam que ser um tradutor na NBA é puro luxo e glamour. Deixe-me defazer essa idéia agora mesmo!)

Finalmente, Leandrinho olha para cima, mas não para minha cara, e diz, "Eu vou tentar, mas lembre-se que eu estou fazendo isso por você, seu filho da p...".

(Escute, se Leandrinho chegar a liderar os Suns para a glória do campeonato algum dia, e for colocado na roda da verdade ou como você quiser chamar isso, você talvez devesse colocar um asterísco ao lado do seu nome e nas notas de rodapé mencionar minha heróica proeza de fazer este garoto treinar para os Suns. Ele treinou para os Suns, e ele fez isso porque eu lhe pedi! Escreva isso. Se os fãs dos Suns querem mandar-me presentes em agradecimento, eu não sou tão orglhoso a ponto de devolvê-los. Grana é sempre uma boa maneira de dizer 'obrigado'. Contate Harry.

Vagarosamente, e temerosamente, Leandrinho veste o equipamento dos Suns.


quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Diário do Draft - Parte Sete

Uma série em dez textos
Por Gregory Dole
Originalmente publicado em TrueHoop

O canadense Gregory Dole vive no Brasil e descreve a si mesmo como "escritor freelancer, professor de inglês como segunda língua, técnico de basquete, olheiro e viajante pelo mundo". Esta é a carreira que não muito tempo atrás, levou-o profundamente de encontro com a vida de um certo "Brazilian Blur".

Na primavera e verão de 2003, antes e depois do draft da NBA, Dole foi o tradutor de Leandro Barbosa. Ao longo dos próximos dias -- francamente, na esperança de conseguir um contrato para escrever um livro (se por acaso houver algum agente ou editor por aí lendo) -- Dole estará apresentando histórias de seu período com Barbosa. A primeira história começa quando um jogador brasileiro lhe leva uma fita cassete para a sala de Dole.

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“Desculpe. A lei estadual de Ohio não permite vender galinhas vivas”, diz a senhora da barraca de frango no mercado, “mas nós temos sim algumas galinhas orgânicas incrivelmente saborosas. Mortas, é claro. Por que exatamente você precisa de uma galinha viva?”

Eu tomo uma rápida decisão e compro umas galinhas orgânicas. São muito menores que as boas e velhas galinhas alimentadas com esteróides que eles vendem nos supermercados nos dias de hoje, e certamente não passará por uma galinha viva.

Eu a levo para casa para Arturo. Quando eu entro na casa, Leandrinho está coberto de pipoca e gema de ovo. Eu não pergunto nada, ao invés disso me sirvo da pipoca que resta na tigela. Felizmente, Arturo mudou de idéia sobre a necessidade de uma galinha viva. Aparentemente, houve algum erro de comunicação entre nós.


Certamente.


Ele bate o resto dos ovos e prepara a galinha orgânica à milanesa. A saborosa entrada é acompanhada por uma deliciosa salada de espinafre com vinagre e uma pitada de sal, e os tradicionais feijões brasileiros temperados com alho. Arturo ainda não se ligou, ele deveria abrir um restaurante. Nós nos arrumamos para um jantar um pouco mais cedo.


O quadril de Leandrinho leva alguns dias para melhorar, o que parece uma eternidade. O tempo está voando agora e a cada dia perde-se uma oportunidade de treinar em algum time da NBA. Leandro, seu irmão e eu somos um grupo frustrado. O que começou como uma grande promessa está começando a ir por água abaixo.


Arturo faz o que pode para amenizar as coisas, fazendo jantares gostosos para nós e convidando outros jogadores que Leandrinho conheceu enquanto treinou em Cleveland. Um desses caras, Andrew Mitchell, de Kent State, está tendo um grande sucesso na Suécia. Toda vez que eu olho na internet, ele está liderando a liga sueca em pontos e títulos conquistados. Outro cara, Juby Johnson, da Universidade de Miami, Ohio, tem tido grande sucesso vencendo campeonatos nas principais ligas croatas. A saber, outro jogador que estava treinando em Cleveland com Leandrinho durante aquele período foi um pivô de Kent State pouco conhecido chamado Antonio Gates. Os fãs da NFL devem se lembrar dele como um tigh-end recordista pelo San Diego Charges.


Para aqueles que passam pelo ginásio de treinamentos Speed Strenght na Euclid Avenue, em Cleveland, naqueles dias nós éramos uma galera estranha, com jogadores de basquete baixinhos de Kent State e um desconhecido brasileiro. Curioso como todos esses atletas atingiram o sucesso ao redor do planeta, na Suécia, na Croácia, na NBA e na NFL. Poucos apostariam nisso na primavera de 2003
.

Eu tive muito tempo para ver Arturo e Leandro interagirem. Anos depois, eu escutaria suas histórias da boca de Enio Vechi, um ex-treinador da seleção brasileira:

Eu era técnico em um clube chamado Continental, afastado do centro da cidade de São Paulo. É uma área industrial suja, próximo de onde Arturo, sua mãe e família viviam. Arturo tinha cerca de 22 anos quando apareceu um dia e me perguntou se ele poderia treinar com meu time. Ele já estava no exército nesta época e não tinha nenhuma intenção de jogar basquete profissionalmente mas queria uma equipe para treinar porque ele amava muito o basquete. Ele tinha um entusiasmo intenso pelo jogo então eu não podia dizer não. Foi então que nossa amizade começou. Algum tempo depois, Arturo me perguntou se ele poderia trazer seu irmão mais novo para assistir aos treinos. Na verdade, o horário de treino era a hora que ele deveria estar tomando conta do seu irmão, então ele estava juntando o útil ao agradável. Eu disse que não havia problema. Quando aquele garoto de cinco anos apareceu, eu fiquei impressionado como ele era magro. Enquanto Arturo era forte como um touro, Leandrinho parecia um desenho de palitinhos. Ele era realmente esquelético, pura pele e osso com braços realmente longos. Eu não posso dizer que pensei que um dia ele fosse se tornar um jogador da NBA. Em cada oportunidade, Arturo me pedia para mostrar alguns exercícios que ele pudesse ensinar para Leandrinho. E assim começou. Arturo ensinaria um exercício para o garoto, o garoto aprendia e Arturo me perguntava de novo por mais exercícios e assim foi por um longo tempo. A medida que o garoto cresceu, Arturo me pediria para indicar locais para seu irmão treinar. Quando ele tornou-se um adolescente, Arturo e eu tivemos discutiríamos qual time seria melhor para ele jogar. Eu fiz isso porque nós éramos amigos. Eu jamais imaginaria que Leandrinho iria tornar-se o prodígio que ele é hoje. Eu acho que nenhuma pessoa pensava isso. O fato é que o guiou e o incentivou. Graças a perseverança de Arturo, a NBA tornou-se realidade.


Sobre o quadril, nada parecia funcionar. Nós gastamos dias indo de tratamentos médicos e piscinas no clube. O garoto não estava melhorando. Voltar para o Brasil com seu rabo entre as pernas parecia mais possível que nunca.

Leandrinho, Arturo e eu avaliamos as implicações das declarações feitas por Rob Babcock, do Minessota Timberwolves. Como um membro de um comitê da NBA que avalia possibilidades do draft, ou algo do tipo, Babcock ligou para dizer que havia uma grande possibilidade de Leandrinho passaria pelo primeiro round sem ser draftado. É difícil de acreditar nisso, entretanto nós pensamos a respeito. E concluímos no fim das contas que não havia motivo para desistir do draft. Na verdade, era provável que se ele não fosse draftado e não recebesse nenhuma boa oferta da Europa, ele seria o jogador mais bem pago do país, somente pela publicidade ganha na tentativa de entrar na NBA. Então, como Sinatra costumava dizer, era tudo ou nada. A NBA ou o fracasso.

Nós estávamos sentados assistindo a um filme de Jean-Claude Van Damme quando recebemos uma ligação que o Phoenix Suns queriam levar Leandrinho para um treino secreto.

Em qualquer ocasião, Phoenix tinha seus olhos no brasileiro desde que eles viram a famosa fita com seus lances. Eles haviam ligado no início do processo do draft mas nenhuma data de treino pôde ser acertada por conta de conflitos na programação. No quase-último-minuto, então os dirigentes dos Suns a Leandrinho voar para fazer uma entrevista, mesmo que ele não pudesse passar por um treino em quadra. Ou assim nos foi dito.

Posto isso, seguimos para Phoenix.