Sábado passado ele fez 50 anos. Não acompanhei muito bem a repercussão nos telejornais mas nem precisa, a cobertura deve ter sido um pouco assim...
Canal de televisão a cabo transmite as imagens do Pan de Indianápolis que, mais por repetição que por reconhecimento, tornaram-se inesquecíveis. Enquanto isso Oscar conta sua história, fala que treinava mais de mil arremessos por dia, que ama o Brasil e que ama a seleção. Ao fundo começa uma música melosa e Oscar começa a chorar. Oscar diz que é a pessoa mais feliz do mundo porque foi pago para jogar basquete, a coisa que ele mais amava. Depois do Brasil e depois da seleção, claro.É sempre a mesma ladainha, é verdade, mas Oscar é um pouco assim também. Sempre foi genial em sua simplicidade. Foi certamente um dos maiores arremessadores da história. E só. Simples assim.
O Mão-Santa fez uma carreira arremessando bolas. Nunca foi reconhecido pela defesa, passe, rapidez ou qualquer outro fundamento... era simples: eu arremesso e vocês jogam. Confesso que quando era adolescente e começava a jogar basquete chamar alguém de "Oscar" não era bem um elogio. Claro, que moleque que assistisse à Michael Jordan ou Dominique Wilkins admiraria um quarentão que na década de 90 se arrastava em quadra? Pois eu não era diferente.
Hoje não sei se aprendi mais sobre a vida ou sobre basquete, mas admiro o Oscar. Talvez ele não tenha sido o astro da NBA (que na verdade nunca quis jogar) que nós adolescentes dos anos 90 queríamos, mas ele foi foda.
Nascido em Natal, a formação "basquetebolística" de Oscar não se comparava com a de um americano na high school ou na universidade. Assim, ele fez o que pôde neste contexto, treinou, treinou, treinou e virou um dos melhores chutadores do mundo. Simples assim. Estabeleceu isso como uma meta na vida, tanto que casou-se com a primeira mulher que aceitou pegar seus rebotes nos treinos solitários. Simplesmente perfeito.
Oscar nunca foi um artista. Artista foi Magic Johnson, Michael Jordan, caras que faziam de tudo um pouco e mudaram a maneira de se jogar basquete. Oscar foi mais um artesão. Aquele cara que, por meio da repetição, aperfeiçoa aquilo que ele faz de melhor e supera seus limites.
Com 20 anos foi campeão mundial de clubes. Ganhou o Panamericano debaixo da barba dos gringos, em plena e histórica capital do basketball, Indianápolis. Foi pra Europa onde ganhou tudo na Itália, e é idolatrado. Mas o que é realmente admirável é que, enquanto hoje em dia a gente faz do cu candelabro para classificar para um Olimpíada, o cara já jogou cinco Jogos. Merece algum respeito, não?
Jogar simples não é nada fácil. Poucos o conseguem. Ter sucesso jogando simples é ainda mais difícil. Parabéns, Oscar.
(créditos: caricatura de Fernando - 18o Salão Carioca de Humor,
fotos http://www.oscar14.com.br)
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