O pré-Olímpico de Atenas está aí. Dia 14 de julho começa o torneio que definirá as últimas três vagas para a Olímpiada de Pequim. Enquanto não chega o momento de pegar o avião rumo a Grécia, chegam as más notícias.
A primeira delas foi a lambança burocrática da CBB com os trâmites diplomáticos em Brasília. A brincadeira custará à selção brasileira pelo menos três dias a menos de na preparação. Uma perda considerável uma vez que os treinamentos durariam cerca de 30 dias.
Alguns dias atrás, veio o pior. Os veículos divulgaram que ninguém menos que os três brasileiros na NBA poderiam ficar de fora do pré-Olímpico. Varejão e Leandrinho estão com problemas no joelho, sendo que o segundo deverá passar por uma avaliação em breve para saber se fará um cirurgia ou não. Se ela for necessária, certamente ficará de fora. Já Nenê, diz a matéria, ainda tenta recuperar a forma física depois da cirurgia no testículo.
Cá entre nós, o Nenê por mais gordo e fora de forma que esteja é melhor que a maioria dos pivôs brasileiros. Sem falar que ainda temos mais de um mês até o pré-Olímpico, tempo suficiente para entrar em forma.
O caso de Leandrinho e Varejão me soa mais delicado. É uma lesão, e nesse momento o atleta deve mesmo priorizar sua integridade física. Eu só lamento que justo no momento em que a seleção mais precisa deles, aconteça um problema desses. É questão de repensar a pesadíssima carga de treinos e jogos da NBA. Mas isso é assunto pra outro post.
O que me deixou mais perplexo nessa história toda é o boato de que a ausência dos três seria um boicote. A história confirmada pelo lateral Marquinhos é de que o trio queria um técnico da NBA, e não um espanhol desconhecido qualquer.
Eu também acharia ótimo um técnico com mais experiência no comando da seleção. Mas daí chamar um técnico da NBA não faz sentido numa competição nos moldes da FIBA. A própria seleção dos EUA é comandada por Mike Krzyzewski porque este vem do basquete universitário, onde as regras são próximas da FIBA. Por que diabos nós precisaríamos de um treinador da NBA? Espero que isso não passe de um boato. E se for verdade, eles que venham defender suas posições em público ao invés de boicotar o trabalho dos outros.
Para terminar, outra má notícia assombra a seleção brasileira. Duda, o irmão de Marcelinho "Só-não-chuto-minha-mãe-porque-ela-não-é-laranja" Machado, poderia ser chamado para o lugar de Leandrinho. Chuta que é macumba!
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Mau começo
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Ainda aquela história
Encontrei um vídeo sobre a história do assassinato do avô de Chris Paul no Youtube. Aparentemente ele foi para o ar alguns dias depois da partida em que ele homenageou o vovô com nada mais nada menos que 61 pontos. Além de contar muito bem o que aconteceu em novembro de 2002, o vídeo mostra o armador do New Orleans Hornets com pinta de teenager.
terça-feira, 20 de maio de 2008
Pequeno grande homem
O dia 14 de novembro de 2002 foi provavelmente o mais feliz do ano para a família de Christopher Emmanuel Paul, um jovem de 18 anos, armador titular da equipe principal da West Forsyth High School. Naquela tarde de quita-feira, toda a família se reuniu no colégio para ver o garoto assinar o documento em que aceitava uma bolsa integral de estudos da Universidade de Wake Forest.
O dia 15 de novembro de 2002 foi, certamente, o dia mais triste do ano para a família de Christopher Emmanuel Paul. Naquela noite de sexta-feira eles souberam que cinco jovens roubaram, espancaram e mataram o avô do mais novo calouro da Universidade de Wake Forest. Nathaniel Jones tinha 61 anos quando foi encontrado morto do lado de fora de sua casa.
A notícia abalou a pacata cidade de Winston-Salem, na Carolina do Norte. Nathaniel Jones dirigia há anos um posto de gasolina na cidade e naquela comunidade todos sabiam que até então o único motivo capazes de fazê-lo fechar as portas eram os jogos de basquete do neto. O velho Sr. Jones e o jovem Chris Paul mantinham uma profunda relação de amizade que ia além dos laços familiares.
No enterro, Paul pensava em uma maneira de homenagear o avô. A idéia partiu de uma tia: marcar um ponto para cada ano de vida do avô. Seus pais até então não tinham idéia do que se passava na cabeça de Chris Paul. O jogo foi caminhando de acordo com o esperado: mais um espetáculo comandado pelo armador. Com menos de dois minutos faltando para o fim da partida, Chris Paul tinha 59 pontos, puxou um contra-ataque, sofreu falta na bandeja e fez a cesta.
Ele havia acabdo de cumprir sua promessa. Mais que isso. Ele havia acabado de prestar a maior homenagem que o Sr. Jones poderia receber. Na linha de lance-livre para o arremesso extra, Paul simlesmente aremessa um air ball e sai em direção à arquibancada. Os braços vão de encontro ao pai, os dois estão em lágrimas e o ginásio aplaude em pé. A notícia, pelo visto, correu tão rápido quanto os dribles do armador.
Alguns comentaristas ousaram dizer que este playoff foi a maior atuação de Chris Paul em uma quadra de basquete.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Porque, afinal de contas, estamos nos playoffs
Foi uma dessas partidas clássicas. Digo clássicas porque daqui a dez ou vinte anos, quando Paul Pierce e LeBron James estiverem aposentados e curtindo o merecido descanso de duas carreiras de sucesso na NBA, haverá um sétimo e decisivo jogo nos playoffs. Haverá duas equipes em rota de colisão rumo à final da NBA. Haverá a expectativa por uma grande performance das suas respectivas estrelas. Haverá um vencedor, e haverá um vencido.
Bom, quando este momento chegar, certamente eles vão se lembrar deste jogo de domingo entre Cleveland Cavaliers e Boston Celtics. Vão se lembrar de um LeBron James na sua quarta temporada, ainda sem anéis de campeão nos dedos, carregando a equipe sobre os ombros largos de um atleta de apenas 23 anos. Vão se lembrar de uma das melhores equipes de Boston nas últimas duas décadas.
Como em todo clássico dos playoffs, este é o momento das estrelas brilharem. Imagine o que deva se estar na pele de LeBron James, marcado por um, dois, três jogadores dos Celtics até, durante todos os 46m48s que esteve em quadra, e ainda assim ser decisivo até o último segundo da partida. Imagine o que deva ser estar na pele de Paul Pierce, um grande jogador, mas que neste domingo estava no seu dia e aproveitou-se dessa "benção" o máximo que pôde.
Resultado, 45 pontos de LeBron James - e por mais um ano não veremos o King ser coroado - e 41 pontos de Paul Pierce para levar o Boston à final da conferência leste contra o Detroit Pistons (opa, eis aí outro clássico). O confronto de ontem foi uma bela oportunidade de ver dois atletas no auge de sua forma, jogando seu melhor basquete no momento mais crucial do ano.
Porque, afinal de contas, estamos nos playoffs.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Mais do mesmo
Antes que você, leitor, reclame da repetição de assunto e ache que eu sou um tremendo de um puxa-saco do Trajan Langdon, explico o porquê de mais um post sobre este jogador.
Por conta do título europeu pelo CSKA Moscow e a nomeação de MVP da final, o site da Euroliga publicou uma entrevista com Langdon. A matéria ficou bem boa e fugiu um pouco do oba-oba e da bajulação pela conquista, coisa comum nessas entrevistas que carregam um pouco da ressaca de um título.
Uma trecho em especial me chamou a atenção, que é quando lhe perguntam se ele concorda se o basquete europeu é um híbrido entre a NCAA e a NBA. Langadon, que jogou em todos os três níveis, responde com propriedade:
"Eu diria que é uma bela analogia e comparação. Obviamente aqui nós não temos tamanho atleticismo que a NBA tem. E com as regras aqui, nós podemos fazer mais coberturas (help defense). Eu não quero dizer que a defesa não é vista como uma coisa importante na NBA, mas é mais difícil segurar os jogadores mais talentosos e o jogo é pensado para incentivar esses talentos individuais. Aqui, as regras favorecem o basquete coletivo. Jogar um-contra-um é difícil, porque se você passa por um cara, haverá outro defensor na ajuda para te marcar. Da mesma forma, o basquete universitário é pensado para vser um jogo em equipe, com defesas em zona, mas os jogadores ainda não são tão maduros em termos de conhecimento do jogo. Eles aprendem ataques e defesas coletivas desde os primeiros anos e eles sabem o que estão fazendo em quadra. A idéia de a Europa ser um híbrido entre a NCAA e a NBA é uma boa comparação e eu concordo plenamente com isso."
Trajan Langdon fala de sua adaptação no basquete europeu e deixa transparecer certa mágoa pelo seu fracasso na NBA. Talvez fracasso não seja a palavra certa, mas sim uma escolha pessoal do atleta, que optou por jogar em uma basquete comptetitivo e de alto nível que matar um leão por dia na liga norte-americana.
"Eu estava convencido disso [ficar na Europa e encerrar a carreira por lá] quando voltei para uma temporada de treinos com os Los Angeles Clippers alguns anos atrás, depois de meu segundo ano na Europa, a temporada que joguei no Efes Pilsen. Nos treinos eu não estava de fato tendo a chance de fazer parte da equipe. Depois disso, eu vim para Russia e tive um ano convincente com o Dynao, e então assinei com o CSKA, então eu simplesmente decidi que a NBA não era pra mim mais. Não que eu não pudesse jogar lá, mas se eu tivesse que provar todo ano que eu era bom o bastante e só então lutar por uma chance de fazer uma contribuição, eu não teria a chance de fazê-lo. Eu já tinha provado isso na Europa, então era uma questão de pensar o que eu estava fazendo me estressando e sendo infeliz quando eu poderia vir aqui, me divertir, curtir o jogo e ser respeitado em uma liga bastante competitiva. Eu amo o jogo e realmente adoro jogar, e para mim é fantástico jogar em uma competição de alto nível contra equipes de alto nível. Foi mais importante para mim jogar que estar numa suposta melhor liga e não jogar."
A entrevista também fala de jogos Olímpicos (Trajan foi atleta do atual técnico do USA Team, Mike Krzyzewski, em Duke), as finais da Euroliga e o momento em que sentiu que o CSKA poderia ganhar de fato o título, quando empataram a série contra o Olympiakos, da Grécia, com uma vitória em Atenas, na primeira fase dos playoffs. Vale a pena conferir a entrevista, em inglês, no site da Euroliga.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Trajan Langdon: um atirador frio e preciso.
Conta-se na Rússia de um famoso atirador chamado Vassili Zaitsev, que na Segunda Guerra Mundial tornou-se um verdadeiro mito entre as trincheiras das batalhas de Stalingado. Diz a lenda que o soldado chegou a abater naquela cidade mais de 200 inimigos soviéticos com a precisão de seu rifle Moisin-Nagant 91/30, e ajudou o exército soviético a vencer a batalha que viria a reverter o contexto do conflito a favor dos Aliados.
Na última edição do Final Four da Euroliga um desarmado - mas não menos preciso e perigoso - atirador vestiu novamente o uniforme russo para ajudar numa vitória vermelha. Trajan Langdon marcou 21 pontos e agarrou 7 rebotes na final entre o seu CSKA Moscow e o israelense Maccabi Elite. Destaque para o aproveitamento impressionates de 4-5 na linha de três e 5-6 no lance-livre, além de acertar seus dois arremessos de quadra.
Assiti vários jogos universitários de Langdon nos seus tempos de Duke. Sempre achei que ele era um grande jogador, capaz de criar seu próprio arremesso e fazê-lo com uma precisão impressionante. Foi essa precisão que rendeu-lhe o título de MVP na final da Euroliga.
Se Langdon ainda não é uma lenda russa como o soldado Vassili Zaitsev, no Alaska, sua terra natal, o ex-Cleveland Cavaliers goza do status de um quase-mito. Com direito à fãs devotados, manifestações de idolatria e suas próprias lendas. Conta-se que na sua fria juventude no Alaska, Trajan dirigia-se todos os dias religiosamente até o quintal de casa treinar arremessos, de onde só saia depois de acertar 50 chutes consecutivos. Faça sol, faça chuva ou faça neve.
Por conta do título do CSKA e sua escolha como MVP da Final, fui atrás de informações sobre o Alaskian Assassin. O ótimo site do Sports Illustrated Vault publicou em dezembro de 1998 uma matéria assinada pelo jornalista Tim Crothers sobre a idolatria que cerca a figura de Langdon no 49o estado norte-americano.
Vale lembrar que o Alaska não é o mais populoso dos estados americanos, além de ser uma ambiente bastante inóspito por conta de sua localização geográfica. Para se ter uma idéia, Langdon foi o primeiro e único jogador alaskiano a chegar na NBA, isso num estado onde ainda existem vila esquimós quase incomunicáveis. O texto fala da mobilização por conta da participação de Langdon no tradicional torneio de basquete universtário do estado, o Great Alaska Shootout.
Aurora boreal (Northern Light)
Para os alaskianos desde Ageklekak até Yakutat, nenhuma distância era longe demais para ver o armador de Duke Trajan Langdon quando ele retornou para casa para um torneio em Anchorage.
O pôr-do-sol descia sobre a vila de pescadores de Angoon no sudeste do Alaska as 15h30 da tarde do dia 21 de novembro enquanto Demetrius Johnson partia para a mais longa odisséia de sua vida. Johnson, um índio Tlingit de 16 anos, nunca havia viajado mais de 161 quilômetros de sua casa antes de embarcar numa viagem de barco de 11 horas pelo arquipélago Alexander até Juneau. Depois de esperar ali por dois dias, ele vôou as 965 quilômetros restantes, garantindo seu precioso ingresso para o Great Alaska Shootout. Em seu penúltimo ano time de basquete da Angoon High School, Demetrius diz que sua sede de viagens começou principalmente por causa do seu primo Stanley, que cinco anos antes conseguiu um autógrafo de Trajan Langdon e o pendurou na parede de seu quarto. O pedaço de papel tornou-se algo próximo a um ícone religioso entre os 638 habitantes de Angoon. "Uma vez que Trajan é do Alaska, seu sucesso no time de basquete de Duke fez dele um grande herói para mim e outras pessoasl do estado", Demetrius diz. "Eu quero ir ao Alaska Shootout porque esta talvez seja a última que eu tenha de vê-lo jogar ao vivo".
Milhares de alaskianos como Demetrius direcionaram-se para Anchorage na última semana vindos de todo o Estado, de Ageklekak até Yakutat e de North nenana até South Naknek. Ele vieram aquecerem-se com o briho da esrela do Alaska, o armador de 1m99, 89 quilos que deixou sua terra natal Anchorage para Durham, Carolina do Norte, quatro anos atrás e agora realiza sua tão esperado retorno ao Shootou como um All-America.
Quando Langdon foi apresentado à Sullivan Arena na última quinta-feira à noite, um habitante local jurou que a terra tremeu mais que no último grande terremoto de 1964. Uma faixa dizia WELCOME HOME ALASKAN ASSASSIN. Uma jovem admiradora caminhou pela linha de fundo da quadraa acenando desesperadamente e chamando por Langdon, enquanto compartia o momento com o namorado pelo telefone celular. Você teria que ir a Las Vegas para ver tantas pessoas em busca de um 21.
Na abertura do torneio, contra Notre Dame, o líder do ranking Blue-Devils emplacou uma vitória de 111-82, com 20 pontos de Langdon. Langdon é acima de tudo um arremessador mortal, ele compensa o fato de não ser muito rápido sendo um defensor com plena noção de posicionamento e um cestinha com talento natural para encontrart espaços e lançar seu arremesso. Momentos depois dele lançar sua quarta bola de três do primeiro tempo, Jerry Tarkanian, o técnico de Fresno State, o próximo adversário de Duke, virou para um amigo e falou, "Eu me sinto como um condenado à morte preparando-me para ir para a cadeira elétrica".
Provavelmente o único cara no ginásio que aparentava descaso pela empolgação era Langdon. "Quando Trajan volta para casa é como a Beatlemania, mas você não percebe isso se olhar para ele", diz Louis Wilson, que treinou Langdon nas categorias de base. "Sua expressão nunca muda, esteja ele jogando para 9 mil fãs no Shootout ou dois estranhos na garagem de Hattiesburg, Mississipi".
A manchete da edição de 19 de novembro de 1990 do Anchorage Daily News diz LANGDON COMES OF AGE. A matéria afirma que Langdon se tornaria o melhor jogador de basquete do Alaska de todos os tempos. Na época Langdon tinha jogado três jogos no colégio. Ele tinha 14 anos.
Claro, quando seu nome é Trajan Shaka Langdon, as expectativas são grandes. No dia 13 de maio de 1976, o pai de Trajan, Steve, um professor de antropologia em Alaska-Anchorage, e sua mulher, Gladys, batizou o primeiro de seus dois filhos em homenagem a um imperador romano que conquistou Dacia no século II e um chefe Zulu que unificou as tribos do sul da África em uma única nação 1.700 anos depois. Apesar do seu amor por esportes, Trajan jura que nunca amargurou-se pela decisão da família de viver em um frigorífico gigante chamado Icebergia na época em que em que foi comprado da Rússia em 1867. Ao invés disso ele prontamente vestiu sua capa de frio, seu gorro, suas luvas e as botas para treinar arremessos na quadra da Rogers Park Elementary em cada uma de suas férias, independente do quanto frio fizesse ou quanta neve caísse.
Mas Trajan começou sua primeira temporada na East Anchrage High, ele questionou seu futuro no esporte porque Alaska fornecia-lhe poucos modelos a serem seguidos, apenas alguns poucos nomes locais que não atingiram completamente seus onjetivos no basquetebol. Havia Tony Reed, um armador de Montana em meados dos anos 80; Tony Turner, que fez testes para o Detroit Pinstons e jogou na CBA de 1980 a 1982; e o mais respeitado, Muff Butler, que chegou a Anchorage vindo do Bronx e anotou mais de 30 pontos por jogo em East High na temporada de 1977-78. Butler jogou em Northern Idaho e depois em New Orleans, mas quando a NBA não veio, ele voltou para o Alaska. Ao longo de seus anos no colégio, Trajan frequentemente jogava um-contra-um com os 1m80 de Butler, que memso em seus 30 e poucos anos era uma das poucas pessoas nos 950 mil quilômetros quadrados do Alaska que podia dar conta do garoto. Butler contava histórias do Lower 48 a Langdon, encorajando-o a manter as boas notas e tentar apagar essa dúvidas repetindo insistentemente, "Mantenha sua saúde, e você estará pronto para a NBA".
Trajan começou a acreditar nisso em seu segundo ano de colégio, durante um torneio de Ação de Graças em Anchorage, quando ele marcou 32 pontos contra o poderoso armador de Oak Hill Academy e futuro jogador de North Carolina, Jeff McInis. O olheiro Bob Gibbons estava na partida e conta, "Eu lembro de ter pensado, Wow, este garoto é tão bom quanto qualquer outro segundo anista que eu vi, e ele é do Alaska!".
Alguns meses depois Steve mandou primeiro um cata de três páginas e depois um videotape da partida contra Oak Hill para Duke, negociando as habilidades de Trajan na esperança que o técnico Mike Krzyzewski talvez se interessasse. Enquanto isso, Trajan, que não sabia sobre a tentativa de negócio com Duke, participava em cursos de verão no parte continental dos Estados Unidos, onde tinha que suportar perguntas estúpidas como, "Que país está o Alaska?" ou "Você tem um pinguim de estimação?".
Trajan tornava-se então o mais procurado atleta do Alaska de todos os tempos na época em que Krzyzewski visitou Anchorage no verão de 1993, e ele e Trajan compartilharam um passeio vespertino iluminado pelas auroras boreais. Krzyzewski conta, "Quando nós vimos aquele fantástico show de luzes, eu disse a Trajan, 'Hey, este é um sinal que você tem que ir para Duke.'"
Em seus dois últimos jogos pelo colégio Trajan marcou um total de 79 pontos e liderou East para seu terceiro título estadual consecutivo. Depois do jogo do campeonato haviam tantos espectadores querendo seu autógrafo que os árbitros organizaram uma sessão de autógrafos oficial, colocando Trajan atrás de uma mesa no final do ginásio enquanto centenas de fãs enfileiraram-se para conseguir sua assinatura.
Igual é a paixão que acompanha a popularidade de Langdon. Aos 16 anos Trajan foi convidado para falar no banquete de premiação de primavera em Craig High, 1200 quilômetros ao sudeste de Anchorage. Ele doou ferramentas e conselhos para um grupo de adolescentes, muitos deles eram mais velhos que ele. Antes do primeiro ano de Langdon na faculdade, Andy Lohman, formado em Duke e administrador da rádio KKSD, de Anchorage, comprou um receiver especial para sintonizar a Duke Radio Network, assim sua estação poderia transmitir todos os jogos dos Blue Devils para o 49o estado. Trajan começou a aparecer em batismos no Alaska, incluindo o do filho de quatro anos do ex-assistente do Alaska-Anchorage e atual técnico do Southern Utah, Bill Evans, cujo Thunderbirds perdeu para o Cincinnati na rodada de abertura do Shootout.
O Great Alaska Shootout e Langdon cresceram juntos. Ele assistiu ao torneio todos os anos desde sua criação em 1978 até ele deixar a universidade, observando jogadores como Patrick Ewing, James Worthy, Danny Manning e Glen Rice. O convite de Duke para a edição de 1995 foi a realização de um sonho de criança de Langdon, mas ele machucou seu joelho esquerdo naquele outono e não pode jogar o torneio. De terno, torcendo do banco, ele assistiu seus colegas de equipe vencer o Shootout, uma experiência que ele considera "a semana mais decepcionante da minha carreira."
Deveria ser a única aparição de Langdon no Shootout, que na época, de acordo com as regras da NCAA, poderia convidar um time apenas uma vez a cada 12 anos. Naturalmente Langdon pensou que Krzyzewski estava brincando quando ele lhe disse há dois anos atrás que as regras daquele torneio de oito equipes havia mudado, permitindo a Duke competir nesta temporada. Quando os últimos 8.700 ingressos para as partidas de Duke em Anchorage foram colocados à venda, no dia 2 de novembro, eles foram vendidos em 40 minutos. Onde quer que Langdon aparecesse aquela semana ele foi saudado por admiradores, chamando a atenção do companheiro Elton Brand para uma piada, "Cara, você realmente tem muitos primos".
"É gentileza," na opinião de Langodon sobre tal empolgação. "Às vezes eu me pego pensando, o que afinal está acontecendo aqui? Eu não mereço isso".
Fotos de jornais enquadradas enfileiram-se na parede do pequeno ginásio de basquete do Aniguim School, em Elim, uma remota vila de esquimós localizada 144km floresta adentro ao sul de Nome. Langdon é um ídolo para a maioria dos 100 estudantes em Aniguiim, nenhum dos quais jamais o viu jogar porque a única estação de televisão de Elim recebe poucos jogos do campeonato universitário. O diretor de Aniquiins, Rod Hoegh, tentou organizar uma viagem ao Shootout para alguns de seus estudantes, mas Elim é acessível apenas por um pequeno avião, e a logística de uma escursão para Anchorage mostrou-se impossível. Em vez disso, os garotos de Elim seguiram o Shootout como puderam pela internet.
A história de Elim é típica em muitos vilarejos do Alaska, onde as pessoas admiram a figura de Langdon sem ter muita idéia de quem ele seja. Muitos deles não tem a menor idéia de que Langdon está entre os finalistas do Naismith Award ou que ele pode tornar-se o primeiro jogador de Duke em 19 anos a ser eleito três vezes para o Primeiro Time da ACC, mas eles sabem que ele tem uma grande chance de tornar-se o primeiro alaskiano a jogar na NBA.
O sucesso de Trajan ultrapassa barreiras étnicas. Steve é caucasiano; Gladys, um assistente social, é afro-americano; e o jovem Trajan passou muito do seu tempo visitando vilas com seu pai, cuja especialidade acadêmica é cultura nativa do Alaska. Entre os garotos sortudos que chegaram até Anchorage estava Craog Carter de 16 anos, que conheceu Langdon no banquete de premiação do Craig High e ainda recebe de Langdon um poster de Duke no correio todos os invernos. Havia o técnico de basquete da Tikigaq High Rex Rock, que veio da longínqua Point Hope, uma vila de esquimós baleeiros 1126km ao noroeste do Oceano Ártico. Rock trouxe membros do Tikigaq Harpooners e seu filho de 18 anos, Rex Jr., que admite gastar noites de sono desenhando magens dele gando basquete com Langdon. E havia Rahim Abdul-Basit, o filho de 17 anos de Muff Butler. Butler atualmente está na prisão do Texas sob acusação de uso de drogas, então Rahim, um lateral ultimo-anistade East High, tem conversado com Langdon durante a ausência do pai, absorvendo um pouco do mesmo conhecimento que Langdon ouviu certa vez de Butler.
Na noite de sexta-feira passada, o segundo melhor arremessador de três na história de Duke errou seis de sete tentativas da linha de três pontos no primeiro tempo, enquanto o time todo acertou uma em 13 tentativas. Os alaskianos provavelmente não viam uma mira tão ruim desde o Capitão Hazelwood. Os Blue Devil no fim das contas superou a Fresno State no segundo tempo, sekando uma vitória de 93-82. Langdon, por sua vez, terminou como cestinha do time com 26 pontos, fazendo apenas 8 de seus 19 arremessos, uma noite ruim para um perfeccionista. "Quando eu erro dois arremessos eu espero acertar os outros dois seguintes, então eu continuo chutando e esperando que a lei da estatística prevalecer", disse Langdon, um graduando em matemática. "Acho que eu continuo esperando".