sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Adeus ano-velho

Retrospectiva do basquete nesse ano de 2007 pelo UOL Esporte. Vale dar uma olhada.

E que 2008 seja um pouco melhor pra seleção brasileira.

Sabe aquela do Grego?

O presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Gerasime Bozikis, deu as caras na mídia semana passada. Em entrevista exclusiva ao Globo Esporte veio confirmar boatos que já há algum tempo rondavam o basquete nacional. O próximo técnico da seleção brasileira será estrangeiro. Grego, talvez? Ainda não se sabe a nacionalidade, mas seu nome deverá ser anunciado em janeiro.

Há quem discorde da escolha de um estrangeiro para a chefia do comissão técnica, como o ex jogador e atual técnico Marcel. "Não concordo e nunca concordarei com um treinador estrangeiro que "caia de pára-quedas" e venha dirigir a nossa seleção. É preciso conhecer os jogadores, o país, a cultura, como nós fomos criados para o jogo" afirma Marcel.

Ele continua, "É um desprestígio à classe dos treinadores de um país campeão mundial masculino e feminino de basquete, que tem técnico no Hall da Fama, país esse ranqueado entre os primeiros no basquete mundial. Não creio que seja vaidade e sim orgulho do nosso basquete", afirma em seu editorial no site DataBaket.com.

Já o jornalista Fábio Sormani, que há anos cobre o basquetebol brasileiro e mundial, é a favor da escolha. "Nossos treinadores, infelizmente, não têm capacidade para treinar o time para o Pré-olímpico da Grécia, ano que vem. São ultrapassados e, por isso mesmo, desinformados. E alguns deles mostram arrogância ao dizer que nada têm que aprender com treinadores argentinos, europeus e norte-americanos", critica.

Brasileiro ou estrangeiro, o fato é que o novo treinador vai ter trabalho. O pré-Olímpico de Atenas acontece de 14 a 20 de julho e apenas os três primeiros colocados garantem vaga para Pequim. O Brasil brigará com outras doze seleções, entre elas Porto Rico, Grécia, Alemanha, Croácia e Eslovênia. Nada fácil.

Há uma década no comando da CBB, Gerasime Bozikis, o Grego, nunca levou a equipe masculina para uma Olimpíada (o Brasil está ausente há doze anos...). Mas segundo ele, "Um presidente não fica marcado por ir ou não para uma competição. Ele fica marcado por uma série de outras coisas que ele realizou durante seu mandato no esporte".

Só faltou esclarecer o que ele realizou pelo esporte.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Bola ao alto

Primeiro post. Resolvi colocar um texto que li já faz uns anos. É de um jornalista americano chamado Rick Reilly, que há mais de vinte anos assina a última página da conceituada revista Sports Illustrated.

O ano é de 1999, quinto e último jogo do primeiro round dos playoffs da NBA. Em quadra Utah Jazz da dupla veterana Karl Malone e John Stockton contra a juventude dos Sacramento Kings de Chris Webber, Jason Willians, Peja Stojakovic, etc. Quem vencesse aquela partida estaria classificado para a segunda-fase dos playoffs, mas para um daqueles jogadores, essa era a mais fácil das batalhas.



A guerra particular de Vlade Divac

Esta noite mais uma guerra para o pivô dos Sacramento Kings, Vlade Divac. Seus olhos estão cansados. Seu rosto está pálido. Ele não suporta mais seguir adiante, mas ele não consegue parar.

São 3h da manhã.

A guerra no quarto 739 do Salt Lake City Marriot segue adiante. Em menos de 13 horas, Sacramento irá disputar o quinto e decisivo jogo do playoff contra o Utah Jazz. Será um dos jogos mais importantes da carreira de Vlade Divac. Todos os outros companheiros de equipe já estão dormindo há muito tempo, mas o controle remoto de Divac está quente como uma frigideira, fome de notícias de seu país natal, a Sérvia. Ele praticamente já desgastou todas as teclas do seu telefone tentando ligar para seus pais na fronteira de Kosovo, seu irmão em Belgrado, seus amigos por toda Sérvia. A noite é longa.

Cada noite traz mais aflição. Divac diz que a Otan bombardeou sua cidade-natal, Prijepolje, dez vezes en dois meses. Há dez dias não se tem notícia de seu primo Milan, um motorista de ônibus. Outro dia desses, uma bomba atingiu a ponte que Divac usava para pedalar diariamente até os treinos de basquete. A força da explosão estourou a janela dos seus pais e estraçalhou a mobília da casa.

Se ele consegue contato com os familiare hoje, ele tentará novamente tirar-los de lá, mas eles não vão sair. O quarteirão todo é a sua família. Ele nem sequer vão mais ao abrigo durante os bombardeios. "Melhor talvez seja morrer dormindo", diz sua mãe, Rada.

Os dois filhos de Divac, Luka, 7, e Matia, 5, estão preocupados. Todo verão eles vão a Prijepolje, e seu avô lhes constrói um pequeno forte no jardim da casa. "Papai", perguntou Matia semana passada, "eles vão bombardear minha cabana?".

Seu filho mais novo, Petra, de sete meses, é adotada. Divac já teme o dia que terá que lhe dizer como seus pais biológicos foram baleados pelo atiradores Exército de Liberação de Kosovo quando iam ao supermercado. Ele não precisa de mais nehuma história para contar.

Toda noite é a mesma coisa. Ele não pode dormir. Seu estômago parece um laboratório científico. Perdeu quase dez quilos. Assite todos os telejornais da CNN, tentando fazer leitura labial. Procura na internet. Espera até as 2h da manhã - 11h da manhã na Sérvia - e começa a ligar. às vezes ele contato com alguém mais rápido que outras. Ele não conseguiu dormir antes das 6h30 no último sábado.

Ele disca para seu irmão Ivica novamente. Nenhuma resposta. Quatro dias por semana Ivica se apresenta ao exército sérvio. Três semanas atrás a mulher de Ivica e sua filha de cinco anos conseguiram sair da Iugoslávia, mas depois de quatro dias eles voltaram. Eles voltaram! "Às vezes a coisa fica tão ruim que você diz, queremos estar juntos não importa o que aconteça", dis Vlade. Se ele estivesse lá, provavelmente ficaria também. A culpa lhe atormenta por não estar lá.

Ele consegue contato. "Mamãe!", grita ao telefone. Pergunta se está tudo bem. Ela diz que sim, mas que isso não é importante. "Sabe de Ivica?", ele pergunta. Ela diz que falou com ele alguams horas atrás, e ele está bem, mas isso não é importante.

"O que é importante mamãe?"

"Que horas é o jogo hoje?", ela pergunta.

O jogo. Para Vlade, os playoffs deste ano não valem quase nada. "Eu amo basquetebol", disse antes, "mas isso é apenas entretenimento, apenas negócios". Ele deseja estar com seu povo, estar lá para fazer algo. Mas uma noite seu pai, Milenko, lhe disse, "Filho, não há nada que você possa fazer por nós. Apenas jogue basquete e nos deixe orgulhosos".

Então Vlade fez exatamente isso. Grogue, enfraquecido, estressado, jogou o melhor basquete de sua vida. Na verdade, jogou um basquete sensacional, ajudando o Kings a vencer dez de suas últimas onze partidas na temporada regular e transformando os playoffs com o favoritíssimo Jazz na melhor disputa da primeira fase. Como? Será porque ele agora sabe o que realmente é pressão? Ou será porque essas rês horas em quadra são os seus únicos momentos de alegria no dia?

Faxes e emails repugnantes chegam ao escritório dos Kings, atacando Divac como um enemigo sedento por sangue, mas Divac deplora as posturas assassina de Milosevic, protestou contra elas nas ruas da Iugoslávia no verão passado. Seus filhos são americanos de nascimento. Este verão Divac espera tornar-se um cidadão norte-americano. "Acho que Deus está nos testando", diz, "para ver quão cruel nós podemos ser uns com os outros".

Finalmente ele dorme umas poucas horas. Desperta-se. Liga novamente. Toma o ônibus para o jogo. Os jogadores do Utah aparentam estar descansados e preparados. Divac está um lixo. O públio está enlouquecido. Do outro lado da quadra, o cara da TV com gel no cabelo e gravata de seda olha para a câmera e diz,"Amigos, a partida de hoje é matar ou morrer".